As 14 faixas de BPM foram gravadas no Le Manoir de Léon, um “estúdio absolutamente encantador no Sul de França”, na descrição de Salvador Sobral, que prefere o palco aos estúdios de gravação.
Das 13 faixas, apenas duas, Fui Ver Meu Amor (letra da irmã, Luísa Sobral) e Só Eu Sei (letra da atriz belga, e sua mulher, Jenna Thiam), são a exceção a essa regra. Afinal, como se ouve no tema de abertura, Mar de Memórias: “Guardo cá dentro um mar de memórias, histórias esquecidas, glórias perdidas.”
A canção funciona como uma espécie de prelúdio ao prelúdio propriamente dito da segunda faixa (Fui Ver Meu Amor – Prelúdio), dando assim o mote para um álbum que, mesmo para o ouvinte mais desatento, não deixa de soar autobiográfico. Basta ouvir canções como Sangue do Meu Sangue ou Medo de Estimação – que o próprio já confessou ser sobre o medo de morrer, devido aos públicos problemas de saúde entretanto já ultrapassados – para se perceber que esta é uma música de catarse, saída das entranhas, de onde emerge também um escritor de canções à altura do intérprete. Porque no fim de tudo, são elas, as canções, que irão permanecer na tal memória futura: do swing de Se De Mim Precisarem aos ambientes mais pop de Paint the Town ou Páginas Soltas, passando pelas épicas Canción Vieja e Bom Vento. BPM é um álbum completo, à imagem do artista que o assina. (Francisco Martins \ sapo.pt).